A História do Guarany
História 1933
A 29 de Janeiro de 1933, quando se inaugurou o
Café Guarany, o arquitecto Rogério de Azevedo foi o autor da remodelação que contou com a decoração do escultor Henrique Moreira que executou o famoso alto-relevo em mármore do
Índio, o qual soube trabalhar com mestria.
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Henrique Moreira
Índio em Mármore - 1933
Guarany, relembra os índios da América Meridional que outrora dominaram a região, hoje ocupada pelo Paraguai, Paraná e Uruguai.
A invocação Tropical do Guarany tem a sua razão de ser numa alusão ao Brasil do século XX como primeiro produtor mundial de café.
Na década de 1930 assistiu-se ao surgimento massivo de cafés no Porto. Alguns concentraram-se na Avenida dos Aliados anunciando programas modernos, como o café Sport dirigido a adeptos desportivos, outros apresentavam propostas actualizadas de serviço de café-restaurante em ambiente sonoro. Estes cafés surgem em sequência dos cafés requintados que fizeram voga nos “Anos 20” - época em que o
Majestic (1921), dominava retratando a Arte Nova. Foi no contexto renovador da Avenida dos Aliados que em 29 de Janeiro de 1933 se inaugurou o Café Guarany.
Numa época em que o café se afirmava, na evolução do botequim, como um local onde se efectuavam transacções comerciais, funcionando como meio proliferador de ideais políticos e de fontes de informação jornalística, a ele se fidelizavam clientes de certas profissões liberais ou adeptos de facções ideológicas. Por conseguinte, a localização do Guarany na
Avenida dos Aliados constitui um factor determinante na definição do seu género de frequência: uma clientela selecta onde se contavam intelectuais e homens de negócios.
O Guarany - alto-relevo em mármore que Henrique Moreira soube trabalhar com mestria. É uma figura musculosa e forte. Obedecendo a uma concepção feliz. Original a distribuição da luz que realça o alto relevo.
História 2003
Os tempos passaram, e passado 70 anos desde a abertura, era necessário um novo compromisso entre o Guarany e os portuenses. Hoje é unanimemente reconhecido o êxito da recuperação do
Café Majestic em 1994, pela actual gerência. A mesma decidiu abraçar o
Café Guarany (2003) e incutir-lhe o mesmo ideal: recuperação com qualidade, devolver os locais históricos do Porto aos seus cidadãos.
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Graça Morais
Os Senhores da Amazónia - 2003
Na recuperação do café Guarany vigorou o compromisso entre a tradição e a qualidade de serviço que é apanágio desta equipa empreendedora: providenciou-se o restauro de mesas e cadeiras, candeeiros e apliques, mármores de revestimento e ornamentos de aço e cobre, respeitando o escrupulosamente o espaço original.
Transmitindo um ideal de espaço cultural, foram também postos em destaque dois painéis da pintora Graça Morais, “Os Senhores da Amazónia”, em acrílico e pastel sobre tela.
A artista retracta o
modus vivendi da
tribo Guarany, como organizam o seu dia a dia, os instrumentos que utilizam, os seus desejos e angústias. As pinturas de Graça Morais são sem dúvida uma das marcas mais significativas desta nova vida do Guarany que se pretende cada vez mais aberta á cultura.